“Desenvolvimento” é algo mais profundo a nível econômico que
simplesmente o crescimento. O economista austríaco Joseph Schumpeter enfatizou a distinção entre os dois quando demonstrou que, enquanto o primeiro
consiste apenas na ampliação dos meios de produção, ou seja, num ganho
quantitativo, o outro só poderá ocorrer quando mudanças qualitativas são
introduzidas na economia, isto é, inovações, e por indivíduos empreendedores.
(SCHUMPETER, 1997).
Em 1911, Joseph Schumpeter, afirmou ser o “desenvolvimento
econômico”, um “fato econômico”, motivado por mudanças “endógenas e descontínuas” e que promovem profundas mudanças na “Vida Econômica” da sociedade,
redistribuindo recursos e fatores de produção numa economia voltada para as transformações,
sendo estas, o principal motor do verdadeiro sistema capitalista.
No primeiro capítulo de sua obra A teoria do desenvolvimento econômico (1997), intitulado "O fluxo circular da Vida Econômica enquanto condicionado por circunstâncias dadas", Schumpeter demonstrou que toda a Vida Econômica de uma dada economia, ou está estabilizada, ou caminha para a estabilidade num Fluxo Circular que é o funcionamento estrutural desta onde o status quo econômico se mantém preservado de profundas alterações, provocando uma grande concorrência interna pelo mercado consumidor, pois, não havendo produtos e serviços inovadores sendo ofertados no mercado, empreendimentos e novos seguimentos da economia se tornam raros, e, a tendência é de que a economia cresça em número, mas não se desenvolva ou, evolua. Assim, não havendo novidades que transformem profundamente a economia e aumente a sua diversificação em forma de novos empreendimentos e seguimentos econômicos originados de inovações, e, havendo apenas crescimento em quantidade, isso por si só, não configura um “desenvolvimento econômico”.
O primeiro capítulo da obra apresenta um modelo de economia estacionário, fundamentado num fluxo circular da vida econômica. Assim, toda a atividade econômica se apresenta de maneira idêntica em sua essência, repetindo-se continuamente. (SCHUMPETER, 1997, p. 9)
https://sites.google.com/site/maeconomicsku/home/schumpeter |
Para Peter Druker (2016, p. 34) a prática cultural-empreendedora baseia-se na teoria econômica shumpeteriana que vê a mudança como um processo normal e até mesmo saudável para uma região econômica. Nesse sentido, a principal tarefa da sociedade na vida econômica, seria procurar meios para fazer alguma coisa diferente e não simplesmente fazer melhor o que já está sendo feito. Para Drucker, há claramente uma diferença entre a “Economia Clássica” e a “Economia Shumpeteriana”, e vê que a primeira procura “[...] otimizar o que já existe, como o fazem as principais correntes da teoria econômica como os keynesianos, os adeptos de Friedman e os do lado da Oferta […].” Segundo Drucker, Shumpeter no seu clássico de 1911: "[...] rompeu com a economia tradicional, muito mais radicalmente do que John Maynard Keynes faria 20 anos depois. Ele postulava que o desequilíbrio dinâmico provocado pelo empreendedor inovador, em vez de equilíbrio e otimização, é a “norma” de uma economia sadia e a realidade central para a teoria econômica e a prática econômica." (DRUCKER, 2016, p. 35)
Para
Schumpeter (1997), o processo que culmina no “desenvolvimento econômico”, quando ocasiona mudanças profundas na
Vida Econômica de uma determinada região econômica, é considerado um: "[...] fenômeno distinto, inteiramente estranho ao
que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio. É
uma mudança espontânea e descontínua nos
canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para
sempre o estado de equilíbrio previamente existente [...]" (SCHUMPETER, 1997, p.
75)
É profundo o impacto que o desenvolvimento traz para uma sociedade, pois, segundo Cruz Jr (e, consequentemente, a diplomacia brasileira, haja visto que este e a obra são partes integrantes da Diplomacia da República Federativa do Brasil) este é “[…] entendido a partir do seu componente elementar de produzir maior equidade social e generalização de oportunidades de ascensão social [...]” (CRUZ JR, 2011, p. 164)
http://leonoralves-escola.blogspot.com/2018/09/crescimento-economico-versus.html |
REFERÊNCIAS:
CRUZ JR (org). DIPLOMACIA,
DESENVOLVIMENTO E SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: estudo comparado entre
Brasil, China e Reino Unido. Brasília: FUNAG, 2011. Disponível em: <http://funag.gov.br/loja/download/856-Diplomacia_desenvolvimento_e_sistema_nacional_de_inovacao.pdf>. Acesso em 20 de Dezembro de 2018.
DRUCKER, P. INOVAÇÃO
E ESPÍRITO EMPREENDEDOR: prática e princípios. São Paulo: Cengage Learning,
2016.
SCHUMPETER, A Joseph. OS ECONOMISTAS: Joseph Alois Schumpeter. Teoria do desenvolvimento
econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=102926>
Acesso em 15 de Junho de 2018.
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