O termo “empreendedorismo” tem estado em alta no país, não só pela crise econômica pela qual o Brasil tem passado nos últimos anos, mas também pela crescente conscientização de que este fenômeno pode auxiliar economias a atingir um desenvolvimento econômico e social satisfatórios para as suas populações, com suficiente níveis de geração de empregos e aumento do nível de vida da sociedade local e nacional. O “Monitor Global de Empreendedorismo” (GEM) ao analisar a situação econômica brasileira dos últimos anos, concluiu que é certo “[...] que a recuperação da economia passa, necessariamente, pelo empreendedorismo, e que é preciso que o governo crie mecanismos que facilitem e incentivem os pequenos negócios.” (LIMA et al, 2017, p 15)
Diversos autores, estudiosos do assunto, economistas, políticos, diplomatas do Itamaraty, pesquisas públicas etc., apontam o “empreendedorismo comum” e a “inovação” (empreendedorimo schumpeteriano inovador) como os fatores-chave para o desenvolvimento econômico dos países. No livro "Políticas de Inovação no Brasil e nos EUA" Fábio Marzano (diplomata do ITAMARATY), ao analisar as economias mais dinâmicas e ricas do início do Século XX, observa que Schumpeter vislumbrou em 1911 que “[...] os empreendedores revolucionam o mercado, forçando a adoção de novos padrões de produção e consumo [...]” (MARZANO, 2012, p. 35)
Mas a final de contas, quem são os empreendedores? Por isso, uma atenção especial deve-se dar a análise desse fenômeno econômico, dado a sua importância, bem como diferenciar os dois tipos de empreendedorismo.
O “empreendedorismo” na linha schumpeteriana, seriam todos aqueles negócios movidos pela oferta de novos serviços ou produtos (daí o a justificativa de lhes chamar de "inovadores"), ou seja, que nenhum outro agente econômico esteja ofertando ou sequer lançado o mesmo produto no mercado nacional ou internacional. Porém, ainda há outra concepção de empreendedorismo, um pouco menos específica. De acordo com o GEM, o empreendedorismo se encaixa quando há: "Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento existente. Em qualquer das situações a iniciativa pode ser de um indivíduo, grupos de indivíduos ou empresas já estabelecidas". (LIMA et al. 2017, p. 109)
Outra instituição importante na promoção do empreendedorismo no Brasil é o SEBRAE (entidade privada que promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte), que define empreendedorismo da seguinte forma: “[...] podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação”
Como já exposto acima sobre a concepção do termo “empreendedorismo”, segundo o GEM este se refere a todos os tipos de negócios mesmo que baseados em serviços ou produtos que já estão sendo ofertados no mercado (empreendedorismo comum), enquanto que a concepção “shumpeteriana” (e a do SEBRAE) se limita apenas aqueles negócios que inovam (novas combinações de fatores econômicos) e ofertam no mercado nos serviços ou produtos que ofertam ao mercado. Para Drucker: "[...] todas as pequenas empresas novas tem muitos pontos em comum. Entretanto, para ser empreendedora, uma empresa tem que possuir características especiais, além de ser nova e pequena. Na verdade, os empreendedores constituem a minoria dentre as pequenas empresas. Eles criam algo novo, algo diferente; eles mudam ou transformam valores." (DRUCKER, 2016, p. 28)
Para A Fundação Kauffman (fundação sem fins lucrativos com sede em Kansas City, Missouri/EUA. Sua visão é promover uma sociedade de indivíduos economicamente independentes), em seu Guia de “Diretrizes para Governos Locais e Estaduais Promoverem Empreendedorismo” do ano de 2015 (Guidelines for Local and State Governments to Promote Entrepreneurship) empreendedorismo é:
"[…] nós definimos empreendedores como aqueles que iniciam seus próprios negócios e criam algo novo ou diferente que muda ou transmuta valores. Empreendedorismo é um ato de estabelecer e expandir os negócios. Nesse sentido, os empreendedores estão em minoria entre os novos negócios, e seguimos o modelo de empreendedorismo fornecido por Drucker (1985) e de inovação fornecido por Schumpeter (1926).". (MOTOYAMA; WIENS, 2015, p. 10)
Portanto, nota-se que o termo é prioritariamente usado, pelo menos desde os momentos iniciais da teoria, para se referir a indivíduos com capacidade de lançar novos produtos e serviços no mercado (SCHUMPETER, 1997; DRUCKER, 2015; SEBRAE), e que, através de suas próprias habilidades, transformam a economia. Ainda assim, como visto anteriormente, principalmente pela abordagem generalista do GEM o empreendedorismo também assume a figura de negócios não-inovadores (comuns), embora competitivos também.
REFERÊNCIAS:
DRUCKER, P. INOVAÇÃO E ESPÍRITO EMPREENDEDOR: prática e princípios. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
LIMA, Brendha et al. GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR: empreendedorismo no Brasil 2016. Curitiba: IBQP, 2017. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal% 20Sebrae/Anexos/Relat%C3%B3rio%20Executivo%20BRASIL_web.pdf>. Acesso em 19 de Dezembro de 2018.
MARZANO, Fábio. POLÍTICAS PÚBLICAS DE INOVAÇÃO NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS: a buscada competitividade – Oportunidades para a ação diplomática. Brasília: FUNAG, 2011. Disponível em:: <http://funag.gov.br/loja/download/831-PolIticas_de_Inovacao_no_Brasil_e_nos_Estados_Unidos.pdf>. Acesso em 20 de Dezembro de 2018.
MOTOYAMA; WIENS. GUIDELINES FOR LOCAL AND STATE GOVERNMENTS TO PROMOTE ENTREPRENEURSHIP. Ewing Marion Kauffman Foundation, 2015. Disponível em: < https://www.kauffman.org/-/media/kauffman_org/research-reports-and-covers/2015/03/ government_guideline_report.pdf > Acesso em 3 de novembro de 2018.
SEBRAE. O QUE É SER EMPREENDEDOR? Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites /PortalSebrae/bis/o-que-e-ser-empreendedor,ad17080a3e107410VgnVCM1000003b74010aRCRD> Acesso em 3 de nov. de 2018.
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